Minha história de vida (escolar)


Meu nome é Glaucia, moro em Belo Horizonte desde que nasci e curso Licenciatura em Geografia pela UFMG. 



No final do ano de 2014 me formei no bacharelado e me senti muito orgulhosa de mim mesma! Minha colação de grau foi muito emocionante para mim, ainda mais quando discursei na cerimônia lembrando toda a minha trajetória acadêmica e também a dos meus colegas. Tinha plena consciência de que eu era a primeira pessoa a se formar em um curso superior da família, ainda mais em uma universidade federal, e que isto significava e significa muito para mim e também para meus familiares. Venho de uma família de costureiras, de mulheres fortes e que venceram muitas adversidades na vida. Também tenho minha paixão pela costura, como era de se esperar, mas decidi estudar, estudar e estudar!

Quando era criança não tinha ideia do que queria “ser quando crescesse”. Não me lembro de querer ser bailarina, veterinária, investigadora, médica... eu sabia e gostava de costurar, é fato, mas o que me lembro é que gostava muito de estudar! Também gostava muito de animais e da natureza. O que eu desejava era continuar a estudar quando crescesse.



Durante minha adolescência tive que enfrentar algumas dificuldades familiares e fiquei literalmente “pulando” de escola em escola. Até a antiga 8ª série cursei em um colégio particular evangélico. Passei muitos momentos felizes nesta escola, tenho muitas lembranças boas. O 1º ano do ensino médio foi bastante conturbado e passei por uma escola estadual no período da manhã, depois em uma escola municipal no período noturno, depois em outra escola estadual no período da manhã, e então, eu já contava com 18 anos quando tomei uma decisão: Iria terminar os estudos na escola de Jovens e Adultos, pois eu não me habituava mais nas escolas convencionais. Cheguei à conclusão de que não estava aprendendo e que iria aprender com mais autonomia. Na escola CESEC Poeta Murilo Mendes, onde me formei, os professores não davam aulas, iam à escola somente para tirar dúvidas. Quando o aluno se sentisse preparado marcava os testes de determinada matéria e iria, assim, concluindo o ensino médio. Conheci um aluno em especial que, durante os encontros, contava histórias maravilhosas de sua viagem à China. Ele tinha 90 anos e seu pai foi o primeiro carteiro de BH. Também conheci vários professores legais, me lembro sempre deles com carinho. Apesar disso, sentia falta das aulas...





Quando me formei iniciei um curso de Tecnologia Ambiental no CEFET MG e posso dizer que foi uma Pré-universidade, pois aprendi muitas coisas interessantes. Em seguida ingressei no curso de Geografia na UFMG em 2010.

Ao concluir a graduação já sabia que área gostava na Geografia: paisagem e geossistemas! Quando era criança (não havia computadores ainda) recortava imagens de revistas, uma delas era a "Guia Quatro Rodas - Estradas" e fazia “coleções” de imagens de paisagens em categorias: Pôr do sol, animais, rios, serras/montanhas... Parece destino! Mas o destino somos nós que construímos dia a dia, então o meu amor pelas paisagens continuou, amadureceu, se equipou de conhecimento e de informações. Mas então eu pensava: E se eu passasse esse conteúdo, essa vivência para frente? Seria bem interessante se algo assim acontecesse!



Pois bem, em meu ingresso e também durante a graduação não me imaginava sendo professora, me imaginava fazendo pesquisas e realizando trabalhos técnicos. Quando decidi iniciar a licenciatura um novo mundo se abriu para mim! Era realmente o que faltava para mim: Poder transformar o mundo à minha maneira, passar o que tinha aprendido ao longo da vida para outras pessoas, era essa a imagem que eu tinha da docência.

Quando comecei a lecionar para jovens e adultos no PROEF II, além de passar o conteúdo impregnado da minha visão de mundo, entendi que os alunos também sempre têm muito a me ensinar. A maioria tem mais idade que eu, tem mais “chão andado” como eles mesmo dizem.

Percebi que este intercâmbio de ideias, vivências, histórias, saberes e conhecimentos pode ser maravilhoso, como está sendo todos os dias em que eu entro na sala de aula. Ainda fico imaginando em como será lecionar para uma turma de crianças ou adolescentes, sempre que penso nisso me recordo da turma de 8-9 anos em que eu dava aulas de evangelização na casa espirita Oriente e também das turmas que eu recebia na Estação Ecológica da UFMG quando era monitora, em sua maioria eram alunos da Escola Integrada da rede municipal de educação, nas idades de 8-14 anos e o que eu sentia quando estava junto às turmas era sempre mais alegria que tristeza, mas sorrisos que “chamadas de atenção”, mais brincadeiras que obrigações .

Monitoria na Estação Ecológica da UFMG:




Monitor recebendo a escola integrada na Estação ecológica da UFMG:


Então penso que tudo pode ser bom, ou parcialmente bom, e que quero ter a tranquilidade de pensar que estou fazendo minha parte no mundo em que vivo. Apesar do sistema educacional não ser bom, apesar da violência dentro e fora de sala de aula, apesar das dificuldades familiares, sociais, emocionais, financeiras e mil outras dos alunos e professores, a pesar da desvalorização da profissão de professor, apesar da descrença de muitos, penso que ainda vale a pena. E quando falo para algumas pessoas que estou me formando para ser professora e já torcem o nariz sempre digo: Vou continuar minha caminhada e que eu tenha o prazer de viver minhas alegrias e minhas decepções também! Só mudo de ideia quando quiser, pois hoje penso que, pela realização pessoal, vale muito a pena ser professora!


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