O PROEF II é desenvolvido no
Centro Pedagógico da UFMG, em seguida posto o histórico da escola retirado do
de seu site:
“O
Centro Pedagógico tem sua origem no antigo Ginásio de Aplicação da UFMG,
fundado em 21 de abril de 1954, em cumprimento aos dispositivos legais
instituídos pelo Decreto Lei nº 9053 em 1946. Esse Decreto obrigou as
Faculdades de Filosofia Federais a manterem uma escola destinada à prática
docente dos alunos matriculados em seus cursos de Didática.
Em 1958, o Ginásio de Aplicação transformou-se em
Colégio de Aplicação, atendendo a uma crescente política de valorização da
Educação. Na ocasião, passou a oferecer os seguintes cursos: Ginasial,
Científico, Clássico e Normal.
A partir de 1968, a UFMG passou por uma
reestruturação que afetou também o Colégio de Aplicação. De acordo com os novos
planos resultantes dessa política de reestruturação, o Colégio de Aplicação da
Faculdade de Filosofia tornou-se um Centro Pedagógico, integrado à Faculdade de
Educação da UFMG, com a função básica de ofertar cursos relativos ao ensino de
1º e 2º graus.
Em 1972, o Centro Pedagógico foi transferido para o
campus da Pampulha e passou a ter uma escola de 1º Grau, funcionando em prédio
próprio, e paralelamente, um Colégio Técnico, oferecendo cursos de
aperfeiçoamento profissional de nível médio.
Em 1997, baseado em orientações da nova Lei de
Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), a Escola de 1º grau recebeu uma nova
denominação: "Escola Fundamental do Centro Pedagógico da UFMG".
Em 2007, o Centro Pedagógico (CP) passou a
integrar, juntamente com o Colégio Técnico (COLTEC) e o Teatro Universitário
(TU), a Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG, unidade especial cujo
regimento foi aprovado pelo Conselho Universitário da Universidade Federal de
Minas Gerais pela Resolução N.º 05/2007, de 03 de maio de 2007.
Por ser uma escola pública responsável pelo
ensino fundamental de nove anos (desde 2006), organizado em Ciclos de Formação
Humana (desde 1995), o Centro Pedagógico adota o sorteio para ingresso dos
alunos, por considerá-lo a forma mais democrática, evitando mecanismos de
seletividade que favoreçam quaisquer grupos sociais.
Assim, hoje, o Centro Pedagógico ministra o ensino
fundamental, tendo-o como base investigativa para a produção de conhecimento em
ensino, pesquisa e extensão. Seu objetivo maior é constituir-se como campo de
experimentação e de pesquisa na Educação Básica e na formação de professores e
de profissionais que têm o ambiente escolar como campo de atuação.
OBJETIVOS:
- Ministrar o Ensino Fundamental, tendo-o como base investigativa para a produção de conhecimento, de ensino e de pesquisa.
- Constituir-se como campo de reflexão e de investigação sobre a prática pedagógica.
- Constituir-se como espaço de novas experimentações pedagógicas, que subsidiem avanços e reflexões sobre a prática educativa.
- Servir de Campo de Estágio para alunos da Licenciatura e da Graduação”.
O Centro Pedagógico é um Colégio
de Aplicação, no site é explicado quais suas atribuições:
“Em todo o mundo há mais de cem Colégios de
Aplicação ligados a faculdades e universidades. Cada uma dessas escolas se
diferencia por funcionar conforme as necessidades da instituição a que se
vincula. Os professores dessas instituições são doutores, mestres e
pesquisadores envolvidos com o ensino nos níveis pré-escolar, básico, médio e
superior. Os Colégios de Aplicação apresentam propostas inovadoras de reforma
escolar e destinam-se a educar alunos e formar futuros professores. Por essa
razão e graças ao nível de competência de seu corpo docente, tais escolas oferecem
um alto padrão de ensino, permitindo aos estagiários observar abordagens
pedagógicas eficazes.
Os princípios que nortearam a criação destas
escolas, levaram-nas a serem conhecidas como escolas-laboratório, cuja missão
tem sido oferecer uma abordagem educacional inovadora, direcionada para o
desenvolvimento de alunos e professores.
FUNÇÕES DOS COLÉGIOS DE APLICAÇÃO:
- Educação básica, desenvolvimento da pesquisa; experimentação de novas práticas pedagógicas; formação de professores; criação, implementação e avaliação de novos currículos; e capacitação de docentes.
- Pesquisa – Criar um ambiente propício para uma variedade de pesquisas que possam ser realizadas por professores do ensino fundamental e médio, professores universitários, estagiários e outros.
- Experimentação – Oferecer um laboratório de recursos humanos para a realização de experiências, desenvolvimento e aprimoramento de inovações que possam ou não estar diretamente vinculadas à pesquisa.
- Campo de Estágio – Permitir ao estagiário observação e participação em um ambiente educacional de qualidade, viabilizando uma prática significativa e de alto nível para os que precisam de uma experiência mais rigorosa antes de concluírem o curso de graduação. Desenvolvimento de Currículo – Possibilitar um ambiente adequado para a criação, testagem, implementação e avaliação de novos currículos e estratégias de ensino. Extensão – Propiciar um local favorável para a capacitação de docentes e de pessoal técnico-administrativo vinculado ao ensino”.
Por mais que esteja frequente na
universidade há seis anos nunca havia entrado no CP. Durante o dia há várias
crianças no pátio, coincidentemente o período da tarde me parece que é
utilizado para atividades recreativas, então as crianças praticam esportes,
dançam, interagem e conversam no pátio que está localizado logo na entrada da
escola. À noite a escola é quieta, muitas vezes algumas luzes dos corredores
estão apagadas, o que dá um certo ar de “escola vazia”, as salas de aulas são
simples, as carteiras de madeira também. Em frente as salas de aula existem um
jardim que pouco se vê durante a noite. Os banheiros são também simples e em
uma das reuniões gerais os alunos reclamaram da limpeza, falta de papel
higiênico e também pediram para que se instalassem torneiras que não
desperdiçassem água.
Deixo vocês com uma música que gosto muito, um forró que ouvi e dancei diversas vezes, que fez parte de momentos importantes da minha vida, mas que nunca havia prestado atenção na letra. Quando li a letra percebi que "Xique Xique" de Tom Zé trata dos saberes de um observador comum, tem linguagem própria, traz muita riqueza de detalhes e percepção aguçada do mundo ao seu redor . Também mostra que em vários momentos pode-se superar suas limitações e vencer obstáculos, o que dialoga muito bem com o "Mundo da EJA"
Eu vi o cego lendo a corda da viola
Cego com cego no duelo do sertão
Eu vi o cego dando nó cego na cobra
Vi cego preso na gaiola da visão
Pássaro preto voando pra muito longe
E a cabra cega enxergando a escuridão
Eu vi a lua na cacunda do cometa
Vi a zabumba e o fole a zabumbá
Eu vi o raio quando o, céu todo corisca
E o triângulo engulindo faiscá
Vi a galáctea branca na galáctea preta
Eu vi o dia e a noite se encontrá
Eu vi o pai eu vi a mãe eu vi a filha
Via novilha que é filha da novilhá
Eu vi a réplica da réplica da bíblia
Na invenção dum cantador de ciençá
Vi o cordeiro de deus num ovo vazio
Fiquei com frio te pedi pra me esquentá
Eu vi o cego lendo a corda da viola
Cego com cego no duelo do sertão
Eu vi o cego dando nó cego na cobra
Vi cego preso na gaiola da visão
Asa branca asa branca asa branca
E a cabra cega enxergando a escuridão
Eu vi a lua na cacunda do cometa
Vi a zabumba e o fole a zabumbá
Eu vi o raio quando o, céu todo corisca
E o triângulo engulindo faiscá
Vi a galáctea branca na galáctea preta
Eu vi o dia e a noite se encontrá
Eu vi o pai eu vi a mãe eu vi a filha
Via novilha que é filha da novilhá
Eu vi a réplica da réplica da bíblia
Na invenção dum cantador de ciençá
Vi o cordeiro de deus num ovo vazio
Fiquei com frio te pedi pra me esquentá
Os professores monitores têm uma sala em comum, mas esta é bem
apertada dado a quantidade de professores. Cada um tem um escaninho onde pode
guardar materiais, é feito de madeira e que não tem fechadura ou porta, mede
cerca de 40x40 cm. Na sala dos monitores há materiais como cola, tinta, durex,
tesoura e outros. Alguns materiais específicos precisam ser solicitados na
secretaria tais como pincel e apagador para quadro, isopor, cartolinas etc.
No curso do PROEF II as turmas são separadas em Iniciantes, Continuidade
e Concluintes, o único segmento que possui mais de uma turma é o de Iniciantes,
contando com duas classes. A turma 81 inicia suas aulas às 18:00 hs e termina
às 21:00 hs, já turma 80 inicia as aulas às 19:00 hs findando às 22:00 hs. As
aulas de geografia ocorrem às segundas e quartas feiras, são quatro aulas em
sala.
São três horas diárias de aulas sem intervalo para lanche ou para
irem ao banheiro, por isso entre uma aula e outra os alunos aproveitam para
descansar e ir ao banheiro, o que acaba atrasando um pouco o início da aula
seguinte. De segunda à quinta-feira os alunos possuem aulas de disciplinas
comuns ao 6º ano: Português, Matemática, História, Ciências, Geografia e
Espanhol. Já às sextas-feiras os alunos podem participar de oficinas de
informática ou atividades culturais.
A primeira atividade cultural realizada no ano, a “Noite do Forró”
organizada pela equipe de Ciências contou com a presença dos professores
monitores, coordenadores e também alunos. Foi um momento de bastante descontração,
havia um gostoso lanche do qual todos cooperaram com a quantia que puderam. O
professor de forró convidado pediu aos presentes que formassem uma grande roda
no pátio e em seguida deus instruções sobre a dança. Foi uma noite bem alegre,
interativa e todas luzes do pátio estavam acesas. Eu dancei com algumas colegas
e conheci as filhas de algumas delas. Conversamos e vi muitos sorrisos nos
rostos dos alunos que, no cotidiano, às vezes transparecem um semblante de
cansaço, olhos vermelhos e sono.
Sempre volto para casa de carona com uma aluna, ela é casada e tem
três filhos crescidos. Sempre pergunto para ela e para os outros alunos que
estão no carro se gostaram das aulas, o que gostaram, o que estão achando do
curso, etc. Esta aluna sempre me responde muito empolgada que está adorando,
que já fez muitas amizades, que agora é o seu momento, é a hora de cuidar um
pouco de si, pois a vida toda cuidou dos filhos e marido. Me disseram várias
vezes que optaram por cursar o “supletivo” no Centro Pedagógico pois queriam
aprender direito, não queriam fazer supletivo de seis meses e concluir o ensino
fundamental.
Deixo vocês com uma música que gosto muito, um forró que ouvi e dancei diversas vezes, que fez parte de momentos importantes da minha vida, mas que nunca havia prestado atenção na letra. Quando li a letra percebi que "Xique Xique" de Tom Zé trata dos saberes de um observador comum, tem linguagem própria, traz muita riqueza de detalhes e percepção aguçada do mundo ao seu redor . Também mostra que em vários momentos pode-se superar suas limitações e vencer obstáculos, o que dialoga muito bem com o "Mundo da EJA"
Xique Xique
Tom Zé
Eu vi o cego lendo a corda da viola
Cego com cego no duelo do sertão
Eu vi o cego dando nó cego na cobra
Vi cego preso na gaiola da visão
Pássaro preto voando pra muito longe
E a cabra cega enxergando a escuridão
Eu vi a lua na cacunda do cometa
Vi a zabumba e o fole a zabumbá
Eu vi o raio quando o, céu todo corisca
E o triângulo engulindo faiscá
Vi a galáctea branca na galáctea preta
Eu vi o dia e a noite se encontrá
Eu vi o pai eu vi a mãe eu vi a filha
Via novilha que é filha da novilhá
Eu vi a réplica da réplica da bíblia
Na invenção dum cantador de ciençá
Vi o cordeiro de deus num ovo vazio
Fiquei com frio te pedi pra me esquentá
Eu vi o cego lendo a corda da viola
Cego com cego no duelo do sertão
Eu vi o cego dando nó cego na cobra
Vi cego preso na gaiola da visão
Asa branca asa branca asa branca
E a cabra cega enxergando a escuridão
Eu vi a lua na cacunda do cometa
Vi a zabumba e o fole a zabumbá
Eu vi o raio quando o, céu todo corisca
E o triângulo engulindo faiscá
Vi a galáctea branca na galáctea preta
Eu vi o dia e a noite se encontrá
Eu vi o pai eu vi a mãe eu vi a filha
Via novilha que é filha da novilhá
Eu vi a réplica da réplica da bíblia
Na invenção dum cantador de ciençá
Vi o cordeiro de deus num ovo vazio
Fiquei com frio te pedi pra me esquentá
Como a velha máxima afirma "nada é por acaso", quando busquei
a música Xique Xique para adicioná-la ao blog me deparei com um trecho da
ficha técnica do disco de Tom Zé "Defeito de Fabricação" lançado em
1998:
"O
Terceiro Mundo tem uma crescente população. A maioria se transforma em uma
espécie de "androides", quase sempre analfabetos e com escassa
especialização para o trabalho. Isso acontece aqui nas favelas do Rio, São
Paulo e do Nordeste do país. E em toda a periferia da civilização.
Esses
androides são mais baratos que o robô operário fabricado em Alemanha e Japão.
Mas revelam alguns "defeitos" inatos, como criar, pensar, dançar,
sonhar; são defeitos muito perigoso para o Patrão Primeiro Mundo. Aos
olhos dele, nós, quando praticamos essas coisas por aqui, somos
"androides" COM DEFEITO DE FABRICAÇÃO. Pensar
sempre será uma afronta. Ter
ideias, compor, por exemplo, é ousar. No umbral da História, o projeto de
juntar fibras vegetais e criar a arte de tecer foi uma grande ousadia. Pensar
sempre será".
O
trecho da ficha técnica acima faz uma crítica sobre o valor dado pelo mundo às
pessoas que carregam o analfabetismo consigo, mas apesar de tudo, sempre
desabrocham em si "defeitos" nascidos da criatividade e visão de
mundo específicos desses sujeitos, muitas vezes são desprezados por parte da
sociedade, os quais também, muitas vezes tem e/ou tiveram seus direitos sociais
negados.
No
artigo "Tom Zé e o elogio à imperfeição: Uma breve análise do disco Com
defeito de Fabricação" de Guilherme Araújo Freire, pág. 33, o autor
escreve uma importante colocação sobre a música Xique Xique:
"Além
da sonoridade da música e da inflexão do canto, a composição da letra da música
também remete ao nordeste – as rimas alternadas (ABAB) utilizadas em uma
narrativa que conta as observações e impressões metafóricas e às vezes místicas
do enunciador conferem ao texto uma sonoridade do repente nordestino e uma
ambientação no nordeste brasileiro"
O
artigo completo está disponível no link abaixo:
"Tom
Zé e o elogio à imperfeição: Uma breve análise do disco Com defeito de
Fabricação"
É
interessante lembrar que o músico e compositor Tom Zé utiliza muitas
ferramentas para criar suas músicas, tais como esmeril, martelo, serrotes, etc.
o que remete ao mundo do trabalhador, não só visualmente mas também em suas
músicas, muitas vezes há uma sonoridade que lembra ambientes de trabalho, como
por exemplo, obras e construções. Ele trata em outras obras temas como
globalização, divisão internacional do trabalho, capitalismo, política, dentre
outros.
Mais
sobre o autor em:
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