A princípio eu havia me planejado para dar uma aula com o mesmo tema da sequência didática que elaboramos na disciplina, a qual abordava aspectos institucionais da organização do espaço da cidade e a vivência da cidade pelo aluno.
Entretanto, alguns fatores me motivaram a modificar a aula inicial. Ao longo das observações e à medida que os acontecimentos políticos se desenrolavam, o formato das aulas do colégio, a rotina maçante dos alunos, se empenhando ao máximo para tirar uma boa pontuação no ENEM me levaram à conclusão de que deveria levar aos alunos uma aula/espaço de reflexão sobre o momento de vida que eles vivem, seja no campo pessoal, político, familiar e/ou estudantil. Além disso o conteúdo da sequência didática era bastante denso, e após a prova do ENEM os alunos estavam esgotados, sendo assim a aula deveria ser mais leve e alternativa.
Entretanto, alguns fatores me motivaram a modificar a aula inicial. Ao longo das observações e à medida que os acontecimentos políticos se desenrolavam, o formato das aulas do colégio, a rotina maçante dos alunos, se empenhando ao máximo para tirar uma boa pontuação no ENEM me levaram à conclusão de que deveria levar aos alunos uma aula/espaço de reflexão sobre o momento de vida que eles vivem, seja no campo pessoal, político, familiar e/ou estudantil. Além disso o conteúdo da sequência didática era bastante denso, e após a prova do ENEM os alunos estavam esgotados, sendo assim a aula deveria ser mais leve e alternativa.
Por serem alunos do 3º ano do Ensino
Médio e terem que lidar coma transição para a vida adulta e uma série de
questões do dia a dia que talvez passem despercebidos ou sem uma maior
reflexão, optei por me concentrar no tema: “Cotidiano, vida e cidadania”.
Ao chegar na sala, pedi que sentassem
nas carteiras em roda, coloquei no quadro o tema da aula, expliquei que a aula
seria dividida em dois momentos: seriam exibidos dois clips de músicas e
teríamos duas discussões, a primeira voltada para eles mesmos e a segunda
voltada para os acontecimentos políticos mais recentes em diferentes esferas
governamentais.
Elaborei algumas perguntas para iniciar
a discussão, mas meu intuito era de que a aula fosse dialogada e que fosse um
espaço de reflexão já que as aulas eram sempre padronizadas, expositivas e
voltadas para o conteúdo do ENEM.
Momento 1 (50 minutos):
·
Exibição do clip da
música “Bola de meia, bola de gude” – Milton Nascimentos –
· Após o vídeo os alunos
poderiam falar de seus sentimentos, suas apreensões e seus sonhos. Algumas perguntas/provocações:
“Como está sua
vida?”
“Você gosta da
escola?”
“Quais seus
sonhos e desejos?”
“O que você
espera para o futuro”
Momento 2 (50 minutos):
·
Exibição do clip da
música “Perfeição” – Legião Urbana -
Seguimos discutindo os
acontecimentos atuais no país, principalmente no que se refere à educação e
política. Perguntas/provocações:
“Como você vive o espaço da cidade?”
“Quais direitos
e deveres você exerce?”
“O que você
acha das reformas no sistema educacional brasileiro?”
“Pec 241/55 e
ocupações. A favor ou contra?”
A resposta dos alunos foi muito
positiva, muitos se identificaram com o clip da música Bola de meia, bola de
gude, gostaram do desenho e da história que representava a vida de uma criança
e de um adolescente mudando. Contaram que queriam tirar carteira de habilitação,
viajar, ser feliz, alguns namoravam, muitos falaram da família e dos amigos,
como eram sua base para enfrentar os desapontamentos e tristezas, como o
colégio era importante para alguns, já outros disseram que vão à escola por
serem obrigados e que queriam passar logo no ENEM para “ficarem livres” mas
tinham anseios com relação ao ENEM. Comentaram sobre à possíveis fracassos da
vida adulta como a faculdade e emprego, demonstrando inseguranças com relação
ao futuro, outros porém, já disseram que a família tinha uma empresa e que
iriam se encaixar, ou mesmo seguir a profissão do pai e /ou da mãe. Falaram
também que em muitos momentos eram pressionados pelos pais para escolherem
profissões mais tradicionais como medicina, direito e engenharia. Uma aluna
disse que queria muito cursar história, que pensou em ser professora, mas que
seus pais não aceitavam esta opção e ela iria optar por direito ou
administração. Alguns disseram que por mais que tenha sido desgastante vão
sentir muita falta dos amigos e dos professores, e até mesmo da rotina.
No segundo momento discutimos principalmente
sobre a PEC 241/55 e as ocupações nas escolas. Disseram inicialmente que isso
nunca iria acontecer na escola deles, pois era uma escola particular. A sala
estava dividida com relação às ocupações, alguns apoiavam outros não
principalmente devido à fragmentação da aplicação de provas do ENEM.
Nas escolas que estivessem ocupadas nos
dias 05 e 06 de novembro de 2016 não seriam aplicadas as provas do ENEM. Foi um
período de muitas dúvidas dos estudantes, professores, gestores do cursinho,
dos alunos secundaristas muitas informações ao mesmo tempo, o que gerou muita
ansiedade para os alunos que iriam prestar o exame. O governo do Estado de
Minas Gerais tentou negociar com o MEC para que as provas fossem aplicadas
simultaneamente às ocupações, assim como as eleições se deram de forma
tranquila, porém o Governo Federal foi irredutível em sua decisão, o que
complicou a situação, e em meu ponto de vista, foi uma estratégia arquitetada
para colocar em lados opostos estudantes secundaristas e alunos que iriam
realizar o exame com a intenção de enfraquecer as ocupações. Alguns estudantes
do colégio e do Pré realizaram sua prova somente nos dias 03 e 04 de dezembro.
Abaixo segue alguns informativos do MEC
veiculados no período das ocupações em sua página de rede social:
Primeiramente alguns alunos comentaram
que achavam a PEC muito ruim, alguns sabiam que o Governo Federal iria congelar
os gastos em saúde e educação por 20 anos, para outros no entanto foi uma
surpresa. Alguns falaram que apoiavam as ocupações, que eram uma tentativa para
barrar a PEC, porém que não iriam participar, já que estavam concluindo o
ensino médio além de estudar para o ENEM. Um aluno se mostrou com raiva das
ocupações pelo fato de sua prova ser adiada e suas férias demorar a chegar.
Alguns se disseram desencantados com o governo e com a política.
Uma aluna disse que se gostou do
discurso da estudante secundarista Ana Júlia, disse que ela “calou a boca dos
deputados”. Comentaram sobre a truculência da polícia, que não achavam certo
jogarem bombas e baterem nos alunos.
Surgiu uma indagação sobre as pichações as escolas, um aluno contrapôs
falando da organização das ocupações na limpeza, cozinha etc.
Para quem ainda não viu segue o
discurso da secundarista Ana Julia, 16 anos, estudante do Colégio Estadual
Senador Manuel Alencar Guimarães em
Curitiba, A aluna defendeu as ocupações na Assembleia Legislativa do Paraná:
O trabalho de reflexão/ discussão
realizado com os alunos durante a aula prática foi um dos melhores momentos da
prática pedagógica, aprendi muito com eles, e acredito que eles se conheceram
um pouco melhor, além de conhecer os colegas, seus pensamentos, seus desejos e
posicionamentos. Foi um espaço reservado para a discussão, ao pensamento
crítico, o que é algo positivo, já que o fazem tão pouco durante as aula.
Essas
são fotos das ocupações do Estadual Central em BH:
Deixo
a indicação deste documentário sobre as ocupações de 2016, “Ocupações
Estudantis Por eles mesmos”:
E
este link do site jornalístico El País que
mostra várias reportagens sobre ocupações nas escolas brasileiras desde 2015:
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