Turma do 8º ano

A turma tem 45 alunos em sala, os alunos sentam em dupla. O professor começou a aula passando exercícios de revisão para a prova referentes as unidades 2 e 3 do livro: “O mundo Global e Regionalização do Espaço Mundial”.

Um dos alunos pergunta o porquê dos países europeus serem mais ricos que os países da américa latina, como o Brasil por exemplo. O professor explica rapidamente o processo de acumulação de capital durante a Revolução Industrial, fala de aspectos como colonização, exploração, desigualdade social, regras comerciais e de exportação. O aluno ainda questiona e diz que mesmo tendo sido colônia os EUA já não são pobres, então o professor explica que os EUA tem uma política externa por vezes agressiva e sempre defendem seus interesses, mas que de qualquer forma este país se industrializou antes do Brasil e outros países da América Latina.
A aula é interrompida pelo coordenador para chamar a atenção de algumas alunas que subiram na pia para tirar fotos e ela acabou caindo. Fala que devem ter mais cuidado com suas atitudes e também para se cuidarem e não provocarem acidentes. Em seguida continuam a fazer o exercício de revisão.

Me lembro da moda dos selfies e de pessoas que inclusive se acidentaram ou até mesmo foram a óbito simplesmente por se distraíres enquanto tiravam fotos de si mesmas... É uma necessidade incrível que a grande maioria das pessoas tem em se sentir notada, de se sentir única, ou diferente do comum por ter presenciado algum fenômeno ou ter estado em algum lugar fantástico, acredito que esta vontade é potencializada na adolescência, já que é a fase da descoberta de si mesmo e do outro.

Recentemente foi noticiado que banhistas mataram golfinho por expô-lo à multidão que desejava ardorosamente uma foto. Em outro caso retiraram uma tartaruga do mar para fotografá-la. É o cúmulo da ignorância em prol do reconhecimento por algo, mesmo que seja algo completamente idiota.

Em um interessante artigo publicado no El País Morte de animais em tempos de ‘selfie - Busca por sucesso nas redes sociais causam impactos às vezes graves às vidas selvagens” - Javier Rico (24 Junho de 2016 ), o autor aborda a relação entre selfies, animais selvagens e a questão do turismo:


Bom, se o assunto é trágico devido à imprudência de alguns, de fato a busca por fotos únicas rende imagens bizarras e engraçadas, a internet é abundante em fotos reais e até mesmo montagens para ilustrar o tema, vejam:






“Selfies matam mais do que ataques de tubarão (Posted on 22 de setembro de 2015  ligiapacheco)
Não, você não leu errado. As famosas #selfies viraram causa de morte em todo o mundo.
Acidentes fatais em busca do clique perfeito mataram mais gente em 2015 do que ataques de tubarões, segundo pesquisa feita pelo site Mashable:



Os alunos dão segmento ao exercício passado aula passada. A turma está um pouco menos concentrada, algumas alunas começam a brincar com um varal com alguns trabalhos dependurados com grampos de roupa localizado ao fundo da sala.

Hoje os alunos realizaram a prova das Olimpíadas Brasileiras de Astronomia – OBA, todos terminam a tempo, apenas uma aluna posterga para além do tempo estipulado.

Abaixo seguem as imagens da prova:






Abaixo segue um relato muito interessante do projeto:

“A Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, desenvolvida pela Sociedade Astronômica Brasileira nasceu em 1998 com o intuito de popularizar a astronomia junto aos alunos, porém estes objetivos foram rapidamente e em muito extrapolados. Visamos sim a popularização, mas junto com a capacitação dos professores do ensino fundamental e médio, pois são estes quem ensinam Astronomia e Astronáutica em suas Escolas, durante toda sua vida profissional ativa. Logo, é fundamental colaborarmos com estes professores, pois certamente não foram formados em Astronomia ou Astronáutica quando estudantes dos cursos de licenciatura.

Neste sentido enviamos todos os anos às escolas já participantes e àquelas que se cadastram pela primeira vez para participarem um conjunto de atividades práticas que recomendamos que sejam desenvolvidas com seus alunos. Por exemplo, em 2014 enviamos como sugestões para serem executadas as seguintes atividades: 1) Comparação entre os volumes da Terra e da Lua e visualização da separação entre ambas na mesma escala. 2) Determinar a direção Norte-Sul corretamente. 3) Construir o Relógio Solar. 4) Determinar o meio dia solar verdadeiro. 5) Localizar Órion, as 3 Marias, Júpiter, Sirius, etc.

As provas têm diferentes durações e estão divididas em quatro níveis, conforme a divisão que fizemos dos alunos, a saber:

Nível 1: Destinada aos alunos do 1º ao 3º ano no regime de 9 anos. Duração: 2 horas;
Nível 2: Destinada aos alunos do 4º ao 5º ano no regime de 9 anos. Duração: 2 horas;
Nível 3: Destinada aos alunos do 6º ao 9º ano no regime de 9 anos. Duração: 2 horas;
Nível 4: Destinada aos alunos de qualquer série ou ano do ensino médio. Duração: 4 horas.

Obviamente é desejo de alunos e de muitos professores que tivéssemos uma prova específica para cada ano escolar. Isto é inviável em termos de questões a serem elaboradas com acréscimos sucessivos de níveis de dificuldades. Além do que, demandaria muito mais mão de obra para elaborar perguntas e respostas.

Temos observado que os professores das escolas cadastradas para participarem da OBA ministram mais aulas de astronomia antes da prova, justamente para deixar seus alunos mais bem preparados para a OBA. Como as provas da OBA são realizadas em maio, significa que os conteúdos de Astronomia e Astronáutica são ensinados logo a partir do início do ano, o que sempre é ligeiramente mais vantajoso do que no final do ano.
Certamente com todas estas atividades estamos incentivando o estudo da Astronomia e Astronáutica, além de direcionar professores e alunos na execução de algumas atividades práticas, as quais variamos a cada ano.

Distribuição de medalhas
A distribuição de medalhas é algo extremamente importante e não economizamos neste item, pois distribuímos 42.556 medalhas entre todos participantes da XVII OBA. Quem recebe uma medalha jamais se esquece dela e não a descarta, além disso, quem a recebe fica extremamente motivado, autoconfiante e certamente vai tentar repetir a façanha no ano seguinte e talvez até mesmo tentar conquistar medalhas em outras olimpíadas, mas para este sucesso só o que o aluno precisa fazer é estudar e estudar cada vez mais e é justamente isto o que mais professores e coordenadores deste Olimpíada desejam que os alunos façam.

Desde 2012 estamos informando a todos os Prefeitos e a todos os Secretários Municipais de Educação os nomes dos alunos e das Escolas que ganharam medalhas no seu Município e pedimos que organizem uma cerimônia pública na qual estas autoridades possam cumprimentar os alunos e professores das escolas. Ficamos sabendo através das páginas eletrônicas das prefeituras, jornais, etc, que, felizmente muitos Prefeitos participam destas cerimônias.

Acreditamos que a valorização da obtenção das medalhas possa servir para mostrar a todos os alunos que a dedicação aos estudos leva ao sucesso e ao reconhecimento deste sucesso por todos. Infelizmente parece haver uma inversão de valores em nossas escolas, onde os melhores alunos são taxados de “nerds” como se isso fosse algo ruim, que deve ser evitado por todos. Por outro lado, quanto menos “nerd”, ou seja, menos vitorioso nos estudos, mais popular é o aluno, o que, obviamente, é um comportamento absurdo. Esperamos que este reconhecimento público do sucesso dos medalhistas sirva para contribuirmos com a valorização da dedicação aos estudos.
As medalhas são distribuídas segundo a classificação nacional de cada um dos quatro níveis. Os intervalos das notas para os quais distribuímos medalhas em 2014 está na Tabela 1. A forma das medalhas de 2014 está na Figura 23.

Tabela 1. Distribuição dos intervalos de notas para obtenção de medalhas na XVII OBA


Eventos decorrentes da OBA
Iniciamos a OBA em 1998 e no mesmo ano iniciamos nossas participações na Olimpíada Internacional de Astronomia (IAO – Sigla em inglês). Dela participamos até 2007 quando participamos da fundação da Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA – Siga em inglês). Para melhor treinar nossos alunos para participarem da IAO iniciamos em 2001 os minicursos de astronomia, que chamávamos de Escola de Astronomia. Atualmente é um longo curso à distância que finaliza na seleção das equipes internacionais. Em 2005 iniciamos a parceria com a Agência Espacial Brasileira e como tal demos início à organização das Jornadas Espaciais. Em 2007 iniciamos nossa participação na IOAA. As atividades de lançamento de foguetes que os alunos faziam como sugestões de atividades práticas se transformaram, em 2007, oficialmente na Olimpíada Brasileira de Foguetes, OBFOG, a qual mudou de nome em 2012 e passou a se chamar Mostra Brasileira de Foguetes, MOBFOG. A parte presencial da OBFOG/MOBFOG foi iniciada em 2009, e a chamamos de Jornada de Foguetes. A MOBFOG se transformou num projeto próprio, com recursos próprios desde 2009. A Tabela 2 mostra os diversos desdobramentos da OBA ao longo do tempo.

Esta iniciativa se mostrou tão profícua que demos continuidade aos mesmos e em novembro de 2014 organizamos o 55º EREA. Em 2012 iniciamos os Acampamentos Espaciais (Space Camp), encabeçado por Oswaldo Loureda, um ex-aluno medalhista da OBA em 2011, proprietário da empresa Acrux Aerospace Technologies.

Em 2013, em parceria com o Laboratório Nacional de Astrofísica, LNA, iniciamos o concurso “Imagem do seu objeto preferido” entre alunos participantes da OBA do ensino médio e do nono ano do ensino fundamental. O aluno premiado e seu professor foram levados para conhecer o telescópio SOAR que o Brasil tem no Chile. O segundo concurso do LNA foi realizado em 2014 e os alunos premiados também receberam a imagem escolhida e visitaram o telescópio brasileiro SOAR no Chile, no início de 2015.

A OBA é um evento muito maior do que a simples realização de uma olimpíada de conhecimento, embora isso já seja extremamente trabalhoso e meritório, pois a usamos como um veículo pedagógico com alcance em todo o território nacional. Na verdade o alcance da OBA vai muito além do que pudemos explicitar acima, mas não podemos saber exatamente qual a influência que todos estes eventos têm em estimular mais astrônomos profissionais e amadores, planetários, observatórios, clubes e associações de astronomia a organizarem mais eventos locais de divulgação e ou ensino formal de Astronomia. Não sabemos dizer, também, quantos novos planetários fixos e móveis foram instalados ou comprados graças ao movimento crescente que temos feito com a OBA e todos os seus eventos decorrentes. Não sabemos dizer quantas escolas compraram telescópios para melhor preparar seus alunos para participarem da OBA. Podemos estar realizando um evento que tem efeitos secundários que podem até mesmo ser mais importantes do que os eventos decorrentes da OBA. Talvez o efeito mais importante e menos mensurável, seja a motivação que proporcionamos a muitos alunos e até a muitos professores para que mais estudem astronomia e este é, no fundo, nosso maior objetivo.”

A proposta do projeto de expandir o acesso e a fundação de eventos e novos centros de estudos em astronomia e astronáutica deu frutos na capital de Minas Gerais. A UFMG já havia instalado em 1972 um observatório no município de Caeté, na Serra da Piedade – Observatório Astronômico Frei Rosário.  Em 1990 deu-se o início de discussões acerca da construção de um planetário em Belo Horizonte. Em 2009 foi construído o tão almejado em Belo Horizonte temos o Planetário no Espaço do Conhecimento da UFMG localizado na Praça da Liberdade. Ambos os espaços recebem grupos de alunos regularmente e são espaços maravilhosos de aprendizagem e divulgação de ciência.

Site do Espaço do Conhecimento da UFMG em Belo Horizonte: 

Site do Observatório da UFMG em Caeté: http://www.observatorio.ufmg.br/pas62.htm 

Para saber mais sobre a OBA: http://www.oba.org.br/site/
Fotos Históricas: Observatório Astronômico Frei Rosário (1972, Serra da Piedade) e do 
Planetário de Belo Horizonte (2009, Praça da Liberdade).

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