Havia 35 alunos em sala de aula, a turma era
diversificada, contando com a presença de alunos negros, pardos e brancos,
meninos e meninas. Quando cheguei na sala os alunos ficaram bem curiosos e me
receberam muito bem, expliquei que ficaria somente observando e fazendo
anotações. Ficaram bem animados e fizeram perguntas sobre minha idade, se tinha
namorado e se eu era filha do professor Jefferson. A sala é padrão, bem
ventilada, com uma janela grande na lateral, na outra parede há um mural com
alguns trabalhos dos alunos, na frente um quadro branco e uma televisão acima.
Bom,
o professor começou a abordar o tema “Tempo Histórico e Geológico” Tema 2 do
livro Araribá – 6º ano. Ele compara a Terra a um ovo e os alunos se divertem
fazendo brincadeiras, sua aula é mais expositiva, ele faz um desenho no quadro,
mas usa prioritariamente o livro didático e interage bem com os alunos que participavam
bastante da aula e tinha muito interesse no assunto, fazem perguntas sobre
placas tectônicas, estrutura da Terra. O professor pede para ler um trecho do
livro e praticamente toda a turma se habilita para fazer a leitura.
O
professor pede para fazerem um exercício individualmente do livro que consistem
em seis perguntas, um aluno reclama e outro repentinamente responde que se ele
não quer fazer o exercício deveria sair da escola. Um aluno aproveita para
fazer exercício de outra matéria. O professor fala que esporadicamente passa
filmes para os alunos, mas ressalta que busca filmes que abordem os temas mais
indiretamente, ou seja, procura que o assunto estudado esteja implícito para
que os alunos possam raciocinar e perceber a temática no filme.
Ao
final da aula a maioria dos alunos fez os exercícios. O sinal bate e eles saem
felizes para o recreio.
No
3º horário o professor substitui outro professor que estava doente, aplica um
exercício de Biologia no 1º ano. No intervalo entre as aulas o professor me
recomenda ter muito cuidado com a voz, fala que está com uma fenda nas cordas
vocais e precisou fazer um procedimento cirúrgico, além de exercícios com o
fonoaudiólogo. Me fala que há 12 começou lecionar e atualmente atua no colégio
Chromos e em uma escola estadual.
No
dia seguinte os alunos já me reconhecem e são carinhosos, me abraçando e me
cumprimentando. Os alunos já levantam a mão para ler em voz alta o texto que
elaboraram se baseando nas palavras-chave: Espaço geográfico, tsunamis,
terremotos, coordenadas geográficas, cartografia, tecnologias, placas tectônicas,
mapas, vulcões. O professor pede que prestem atenção na leitura dos colegas.
Ele resolve que as leituras serão feitas ordenadas pelas fileiras de carteiras
em sala. Uma aluna lê sobre tectônica, formação e constituição do planeta,
cartografia e tecnologias. Quando o professor para em frente a turma e fica
sério em silêncio esperando os alunos pararem de conversar eles realmente ficam
“sem graça” e ficam em silêncio.
Após
três dos alunos lerem seus textos outros não se apresentam para ler, então o
professor escolhe mais alunos para fazer a leitura, e ressalta que a leitura em
voz alta foi uma escolha deles e que agora a maioria estava se esquivando da
leitura, que deveriam refletir sobre isso. Durante a aula o professor passa
noção de alguns valores como respeito o outro, conter a ansiedade, incentiva a
leitura em voz para uma aluna tímida.
Ele
avisa aos alunos que esta atividade foi um ensaio e que o próximo trabalho será
o “trabalho relâmpago”, os quais serão feitos em sala e serão apresentados no
mesmo dia, serão realizados ora individualmente oura em dupla e grupo. Diz que
eles vão se acostumar com a ida à frente da turma, apresentar trabalhos, fala
que no texto deles algumas frases ainda são decoradas ou retiradas do livro
exatamente como ele apresenta, e que vão aprender a elaborar melhor as
respostas. Ele fala do medo, para não terem medo de errar, comenta sobre sua
educação quando criança e que hoje os alunos tem mais facilidade de interagir
durante as aulas.
Na
outra aula o professor passa no quadro tópicos que os alunos tem que localizar
no livro didático e explicar no caderno os conceitos. Os alunos começam a
copiar e conversam um pouco, um aluno questiona o professor por ele ainda não
ter explicado esta matéria, o professor pede que tenham paciência, pois após
terminarem o exercício ele irá explicar a matéria e em seguida fazer exercício
em grupo. Percebo que ao longo do exercício os alunos perguntam insistentemente
os conceitos e o professor pede que consultem o livro. Os alunos gostam de
interagir e trocar ideias por mais que o exercício seja individual, porém logo
se desviam do tema e começam a conversar sobre variados assuntos para além da
disciplina, começam a brincar, trocar coisas entre si, etc. Depois que o
professor pede silêncio os alunos começam a levantar a mão para tirar
dúvidas.
Quando
percebi que o professor conversava e dava conselhos para os alunos e o quanto
eram ansiosos para realizar tarefas sem ao menos saberem se são capazes de se
organizar para realiza-las me veio à mente a questão das diferentes gerações,
de como o contato entre as diferentes gerações é essencial e benéfico para o
avanço da humanidade em diversos aspectos, mas ao mesmo tempo produz os famosos
choques, os conflitos, que vão desde a não aceitação de ideias até mesmo ao
desentendimento e preconceito entre as diferentes fases da vida, é muito comum
ver pessoas julgando outras pela fase da vida em que se encontra, e dizendo que
não sabe de nada, ou que não é campas de compreender alguma coisa por ser jovem
ou velho demais.
Estes vídeos trazem bom apanhado sobre as diferentes gerações que hoje convivem em
diferentes ambientes e suas características:
Geração do Agora - Grupo núcleo ativo
Geração do Agora - Grupo núcleo ativo
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