TEXTOS AUXILIARES - Educação geográfica: A psicogenética e o conhecimento escolar - Sônia Castellar (2005)


O ensino de geografia nas escolas que se baseia mais no conteúdo com grande quantidade de informações e foco em provas e testes que visam conseguir uma vaga nas universidades é um ensino que está fadado a morrer em si mesmo dado a sua falta de profundidade e diálogo com a própria vida e vivência do aluno. Este tipo de aprendizagem pode ser considerado um meio para alcançar algo e não algo em si mesmo, apenas um caminho e não um ponto de chegada ou um objetivo a ser alcançado.


Analfabetismo Geográfico "de lá e de cá"!
Visão simplista sobre conteúdo e aprendizagem de Geografia: localizar e decorar nomes de capitais e países..

Castellar aborda em seu artigo os procedimentos e a metodologia da geografia escolar, buscando apresentar um diálogo entre os conteúdos geográficos e a didática. A autora se baseia em algumas reflexões realizadas por Yves Lacoste em 1970 e que compõem parte da história do pensamento geográfico, como por exemplo, o fato de essa disciplina estar centrada na memória e na informação, Lacoste afirma que a geografia é a única a parecer um saber sem aplicação prática fora do sistema de ensino, induz a ideia de que geografia não deriva de um raciocínio estratégico conduzido em função de jogo político. Por isso é importante o saber-fazer em geografia, ou seja, a capacidade de aplicação dos saberes geográficos nas atividades escolares.

Entretanto, A autora afirma que pensar a geografia como uma disciplina que ensina a memorizar informações soltas é uma ideia equivocada.  Os principais temas de geografia que os alunos deveriam aprender no ensino básico são: compreender o espaço na sua dimensão cultural, econômica, ambiental e social, pensar e analisar os fenômenos geográficos em separado ou concomitantemente e em diferentes escalas, o que significa analisá-los conceitualmente, em função de diversas práticas e das representações sociais. Toda a aprendizagem da geografia na educação básica pode ser entendida como um processo de construção da espacialidade que corresponde a orientar-se, deslocar-se no espaço.

Estas temáticas vão além dos conteúdos, pois incorporam objetivos procedimentais e atitudinais, contribuindo para ampliar a concepção de currículo existente nas escolas e ir demonstrar que para aprender Geografia deve-se ir muito além dos preceitos de que a disciplina deve ser aprendida através da memorização de conteúdos e informações. Este pensamento afirmando que para aprender Geografia deve-se ter um raciocínio analítico-associativo e espacial culmina em uma tentativa de renovações de posturas, linguagens, atividades de aprendizagem e consequentemente na didática e metodologias pedagógicas visando a reflexão do aluno sobre a realidade, sociedade e dinâmica do espaço.

Este saber geográfico capacita o aluno para que este possa fazer sua leitura de mundo, ou seja, associar as experiências do espaço vivido aos elementos naturais e construídos presentes na paisagem, não se atendo apenas à percepção das formas, mas sim chegando ao seu significado. A leitura do lugar de vivência está relacionada, entre outros conceitos, com os que estruturam o conhecimento geográfico, como, por exemplo, localização, orientação, território, região, natureza, paisagem, espaço e tempo.

Castellar ressalta a dificuldade de assimilar escalas diferentes e orientação, e por isso deve-se começar a estabelecer relações entre os lugares, a ler os fenômenos em diferentes escalas, mobilizando o raciocínio e educando o olhar para que possa fazer a leitura do espaço vivido em variadas situações do cotidiano, atentando-se para a máxima: “como, para quê e para quem ensinar geografia escolar”.

Segundo Para Piaget, a aquisição do conhecimento é explicada através da função adaptativa dos sujeitos em sua interação com o meio. A aprendizagem é vista como um processo de interação social que gera uma adaptação das estruturas mentais do sujeito, ou seja, é um processo de tomada de consciência, pelo educando, das propriedades dos objetos e das suas próprias ações ou conhecimentos aplicados aos objetos. Desse modo, a passagem de um nível de conhecimento a outro se realiza por meio da interação de fatores internos e externos, mais concretamente da experiência física e lógico-matemática, o meio e a interação social, as experiências afetivas e, sobretudo, a tendência à equilibração (equilíbrio-conflito-novo equilíbrio). Uma vez que ocorre o desenvolvimento cognitivo, se estabelece uma sequência de estágios e sub-estágios vinculados, cujo traço principal é a integração de ações e conceitos em um processo de estruturação que se entende como sendo a construção de um sistema de ações e conceitos a partir de ações anteriores, sem sistemas prévios. A psicologia genética considera que há um processo interativo entre sujeito e objeto, por meio do qual ocorrerá a construção do conhecimento.

O construtivismo epistemológico preocupa-se com o que conhecemos e como alcançamos esses conhecimentos. Na epistemologia genética estudam-se os mecanismos e processos que os sujeitos atravessam na passagem dos estados de menor conhecimento aos estados de maior conhecimento avaliando-se esses sujeitos pelo grau de conhecimento científico adquirido e compreendido, e não pela quantidade de informações conteudísticas sem significado que possam acumular.


Nessa perspectiva, a dimensão cognitiva está no momento da representação de um trajeto (mapa cognitivo ou mental) ou da leitura de um mapa temático, pois são ações que possibilitam à criança relacionar a leitura de mundo e o desenho (mapa cognitivo) com os conceitos de área, tamanho, distância, organizando o pensamento na construção dos conceitos de escala e proporção.

A assimilação e a acomodação constituem dois polos de equilibração do pensamento da criança. A representação (imitação, jogos, desenhos), ocupa um lugar de destaque neste desenvolvimento cognitivo, é um momento em que o aluno está estabelecendo comparações entre o imaginário e o real e acaba por expressar significados.

Já com relação às relações espaciais euclidianas que compreendem a noção de distância, área e equivalência entre as figuras, e relacionam-se também com a equivalência entre o real e a representação, ou seja, ao palpável e a matemática, o real e o mapa, fato que muitas crianças não conseguem assimilar. Desenvolver esse pensamento auxilia no entendimento das noções de escala e proporção e de igualdade matemática.  Por isso, torna importante desenvolver estruturas mentais que auxiliem na sua compreensão.

A interpretação dos fenômenos geográficos ganha significado quando a criança entende a diversidade da maneira como se dá a organização dos lugares, quando compreende o conceito de território, por isso reafirma-se que a leitura de mapas e a elaboração de mapas cognitivos são imprescindíveis para a compreensão do discurso geográfico.  

A verticalidade e a horizontalidade estão ligadas ao ponto de vista, à maneira como a criança observa a posição dos objetos e como consegue representá-los. Ao observar um objeto, a criança o lê numa posição vertical e com visão tridimensional, sendo que ele está em uma posição no espaço; ao desenhá-lo, passa a vê-lo horizontalmente e de forma bidimensional, e a posição do objeto, algumas vezes, é invertida.

Todo esse processo relacionado à construção do conhecimento permitirá que as crianças desenvolvam o raciocínio estratégico, como afirmou Lacoste. Ao estimular as crianças com atividades que desenvolvem uma evolução conceitual, elas poderão ler e elaborar mapas cognitivos num primeiro momento para, em seguida, ler uma representação cartográfica, compreendendo as convenções internacionais.

Abordando já as metodologias de ensino e aprendizagem, os saberes geográficos devem ser abordados em uma perspectiva significativa para os alunos o que implica em reestruturações em procedimentos e objetivos.

O aluno deve fazer parte do processo de ensino-aprendizagem quando leva o seu mundo para dentro da sala de aula, quando coloca em pratica o que aprendeu em geografia associado aos seus conhecimentos prévios, suas experiências e suas vivencias, mas não de uma forma secundária ou como ponto de partida e sim dando uma real importância para tudo o que viveu até o momento, já que tal postura pode desmotivar o aluno no processo de aprendizagem.

A autora considera também que aula tem uma função relevante, pois é o momento no qual se pode organizar o conhecimento e o pensamento do aluno, a partir de atividade de aprendizagem. Os mapas e as imagens presentes nas aulas são procedimentos, ou seja, estratégias de aprendizagem que possibilitam aos alunos trazer para a discussão o conhecimento prévio e ao mesmo tempo mobilizam habilidades mentais (classificar, analisar, relacionar, sintetizar...) e estimulam a percepção, bem como a observação e a comparação das influências culturais existentes nos diferentes lugares. Permitem ainda que os alunos entendam os mapas como construções sociais que transmitem ideias e conceitos sobre o mundo, apesar da pretendida neutralidade e objetividade que os meios técnicos utilizam para confeccioná-los.


O construtivismo não é a explicação para tudo o que ocorre no mundo e na escola, mas é uma perspectiva epistemológica a partir da qual tenta-se explicar o desenvolvimento humano, e nos ajuda a compreender os processos de aprendizagem, assim como as práticas sociais formais e informais que a facilitam, porém cada aluno tem seu modo de aprender e nem todas as ações docentes garantem uma aprendizagem suficientemente construtivista para todos.

Observação em sala de aula

Experiências em sala de aula com o professor Flávio

Comecei a observação no 6º 1, sentei em uma carteira na frente, em geral os alunos foram muito receptivos comigo, no primeiro momento ficaram com medo que eu estivesse em sala para fiscalizar o comportamento deles, mas depois expliquei que iria somente observar a sala, as aulas e sua dinâmica. A sala era pouco colorida, decorada com azulejos rosas e azuis, ao longo de uma das paredes há um quadro com alguns recados e desenhos, na outra parede janelas em forma de basculantes que não ventilavam muito, na frente um quadro branco e mesa de professor sobre um tablado.


O professor Flávio que passou no quadro orientações de páginas de livros para a próxima avaliação que estaria relacionada com a matéria do livro sobre solos, água, clima e vegetação. Em seguida me pediu para dar visto no caderno dos alunos conferindo um exercício sobre a mesma temática, a grande maioria havia feito os exercícios. Então começou a corrigir os exercícios lendo o comando em voz alta e pedindo alguns alunos para lerem suas respostas.

O professor incentivou a turma dizendo que era a melhor sala do CNSD e que esperava bom comportamento e boas respostas. Os alunos por vezes se distraiam durante a correção do exercício, acredito que estavam achando um pouco chato, mas muitos participavam e davam ótimas respostas. O grau de dificuldade do conteúdo para o 6º ano é muito superior ao que lecionávamos para a EJA, me surpreendi muito com isso. Após a resposta dos alunos o professor complementava e explicava eventuais dúvidas.

Em seguida fui para o 6º 2, sentei em uma carteira no fundo da sala, o professor passou as mesmas orientações que havia passado para a outra turma, mas pede que anotem na agenda que a escola forneceu para eles no início do ano. Os alunos ficaram menos excitados com minha presença. Pede que os alunos não usem celular na sala de aula, o caderno dos alunos é bem completo e cheio de desenhos, em uma correção ele associa o filme “Procurando Nemo” com correntes marítimas, o que achei interessante. Durante a correção uma aluna lia um livro de literatura e aprecia estar muito envolvida com sua leitura. Há uma polêmica em torno de um apelido de um aluno e o professor orienta os alunos que o chamem pelo nome. O sinal bate.

Após 3 dias sem ir na escola devido à um trabalho de campo o dia começa meio tumultuado, a coordenadora se esqueceu que eu me ausentaria e reprograma meus horários até o dia 2 de dezembro, o que incluía uma semana de provas.

Novamente fui assistir aula no 6º 1 e foi a mesma dinâmica de aula, correção de exercícios, a turma demora cerca de 15 minutos para se acalmar, parar de conversar e concentrar na correção do exercício. O professor dá dicas sobre o comando das questões, fala de certos termos geográficos e corrige outros como por exemplo “o sol bate na terra” – para “radiação solar atinge a superfície terrestre”, os alunos participam bastante da correção, em especial as meninas que parecem estar mais interessadas. Enquanto corrige as questões sempre tem que lidar com o comportamento dos alunos e interrompe o raciocínio pedindo silêncio, pedindo para guardar celular, endireitando carteiras e pedindo para tirar mochilas dos caminhos entre os corredores. Ao final não há dúvidas e as respostas dos alunos são quase todas corretas.

Chega a hora do recreio e me dirijo à sala dos professores, entre eles há diálogos variados sobre um evento ocorrido na UFMG sobre Geografia e docência, trabalhos interdisciplinares, assuntos associados a escola e ao uso do espaço, etc. Comentaram sobre um questionamento de um aluno durante a aula de religião com relação ao suicídio, explicam que recentemente ocorreu bullying com um aluno que tentou suicídio e o assunto veio à tona durante a aula.

Após o intervalo retorno para a sala de aula, agora no 6º 2. O professor dá visto nos cadernos Os alunos criam um brinquedo composto por um elástico de uma pasta de papeis e um lápis. Percebo o quanto deve ser difícil controlar e fazer com que 30 alunos se interessem pelo conteúdo da disciplina usando o método formal de correção de exercícios e provas. Corrige exercícios sobre Tempo e Clima e ressalta que a mídia comete várias gafes relacionada ao conteúdo.

Em seguida diz a turma que vai passar um vídeo que fará referência à semana da Consciência Negra – “Normal é ser diferente” com música de Jair Rodrigues, o vídeo trabalha com a diversidade e raças.  Durante a exibição os alunos conversam bastante, se distraem, brincam e cantam, porém não podem se manifestar dançando em pé e batendo palmas, o professor acompanha de perto. Assista ao vídeo:


Normal é Ser Diferente
 (Jair Oliveira)
Tão legal, ó minha gente!
 Perceber que é mais feliz quem compreende
Que a amizade não vê cor, nem continente
E o normal está nas coisas diferentes

Amigo tem de toda cor, de toda raça
Toda crença, toda graça
Amigo é de qualquer lugar
Tem gente alta, baixa, gorda, magra
Mas o que me agrada é
Que o amigo a gente acolhe sem pensar

Pode ser igualzinho à gente
Ou muito diferente
Todos tem o que aprender e o que ensinar
Seja careca ou cabeludo
Ou mesmo de outro mundo!
 Todo mundo tem direito de viver e sonhar

Você não é igual a mim
E eu não sou igual a você
Mas nada disso importa
Pois a gente se gosta
E é sempre assim que deve ser

Hoje foi dia de receber os alunos que concluíram o 5º ano e ano que vem vão para o 6º ano. Foi realizada uma mini palestra com alguns professores, dentre eles o de Geografia, foi mais uma apresentação descontraída. Foi exibido um vídeo do programa que une direito, política e as curiosidades chamado “Coisas que você precisa saber” produzido pelo site http://www.justificando.com/ apresentado por Igor Leone, com o temática sobre o desastre de Mariana - MG. O vídeo reúne informações e questionamentos sobre o desastre ocorrido recentemente, em que duas barragens de rejeito de minério de ferro da mineradora Samarco se romperam e destruíram o vilarejo de Bento Rodrigues pertencente ao município de Mariana e outros a jusante destas barragens, a lama percorreu todo o Rio Doce alcançando o mar no litoral do espírito Santo. 


Coisas que você precisa saber - Especial Desastre ambiental em Bento Rodrigues


Em seguida foi aberto para os alunos tirarem dúvidas sobre o vídeo e sobre o evento, o professor Flávio pediu para que eu respondesse as perguntas dos alunos que estavam bastante curiosos sobre o caso. Perguntaram o porquê das barragens terem se rompido, para onde as pessoas haviam ido, a questão das matas ciliares, morte de animais, o que continha na “lama” das barragens, porque essas barragens deviam fazer parte do processo de mineração.  Foi bem interessante e fiquei feliz em participar da recepção dos alunos.

Pontuschka (2000) faz uma reflexão: “Que caminhos podemos seguir para que o nosso trabalho em sala de aula permita ao aluno compreender o espaço geográfico, dialogar com ele e assim ampliar a sua visão de mundo; conhecer o seu papel na sociedade moderna ou pós-moderna em uma economia mundializada e de vida globalizada?”

Esse diálogo entre o conteúdo formal aprendido em sala de aula e os eventos /fenômenos geográficos que ocorrem no mundo é de extrema importância para os alunos inter-relacionarem a realidade com o a disciplina. É o que os estimula e justifica do porquê aprender Geografia, é o que desperta a curiosidade inata em cada criança e faz elas avançarem e desvendarem o que existe no mundo, os sentidos significados das coisas, e como a Geografia é a disciplina que os ajuda a compreender o homem e a sua relação com o espaço nada mais justo que utilizarem-na como ferramenta nesta empreitada de descoberta da terra, da sociedade e de si mesmos. Deixo vocês abaixo com um vídeo inspirador sobre a Geografia e a vida (escolar).

O menino que perdeu sua Geografia


Experiências em sala de aula com o professor Bento

Os relatos seguintes se referem às turmas de 7º, 8º e 9º anos.  O perfil do professor é um pouco diferente do anterior, este é mais brincalhão com os alunos, trata com maior proximidade, mas também bem exigente. Me explicou que a distribuição de pontos do 9º ano é dada da seguinte forma: duas avaliações, uma prova realizada em um aplicativo de celular chamado APP prova, um simulado para o ENEM, um projeto, atividades e exercícios, e um conceito para cada aluno.

Ao chegar na turma do 9º 2 vi que os alunos estavam fazendo uma prova em trio sobre o livro “A praça é do povo – Política e cidadania” de Maria Lucia de Arruda Aranha.


O 7º ano fez prova sobre o livro “Viagem pela Estrada Real” de Helena Guimarães Campos.




Hoje acompanhei a turma 8º 1, estão no fechamento do semestre, o professor deu visto nos cadernos e pontuou cada um deles. Percebi que enquanto iriam ser chamados para a entrega do caderno ainda completavam algo que porventura faltasse. As turmas usam a coleção de livro didático utilizado do 6º ao 9º anos - “Jornadas Geo” de Paula, Marcelo Moraes; Rama, Ângela.

Hoje acompanhei a turma 8º 1, estão no fechamento do semestre, o professor deu visto nos cadernos e pontuou cada um deles. Percebi que enquanto iriam ser chamados para a entrega do caderno ainda completavam algo que porventura faltasse. As turmas usam a coleção de livro didático utilizado do 6º ao 9º anos - “Jornadas Geo” de Paula, Marcelo Moraes; Rama, Ângela. Como a principal ferramenta pedagógica utilizada pela escola é o livro didático, cito abaixo o sumário para cada ano do ensino fundamental:

6º ano:
1. “Os espaços de vivência”
2. “Representação do espaço, orientação e localização”
3. “Sociedade e natureza: a produção do espaço geográfico”
4. “Relevo terrestre: ações humanas e da natureza”
 5. “Recursos minerais e energéticos”
6. “Águas do mundo: usos e distribuição”
7. “Clima: dinâmica natural e atividades humanas”
8. “As grandes formações vegetais da Terra”.

7º ano:
1. “O território brasileiro”
2. “O Brasil e as suas regiões”
3. “Relevo e águas no Brasil”
4. “Vegetação e clima no Brasil”
 5. “O espaço rural brasileiro”
 6. “Brasil: país urbano”
7. “Indústria, serviços e comércio no Brasil”
8. “População brasileira”

8º ano:
1. “Regionalizações do espaço mundial”
2. “América continente de grandes contrastes”
3. “A América anglo-saxônica”
4. “A América Latina”
5. “O continente
6. “África: aspectos da população e conflitos”
7. “África: economia e meio ambiente”
8. “Oceania e Antártida”

9º ano:
1. “Globalização: um mundo sem fronteiras”
2. “Globalização e organizações internacionais”
3. “O continente europeu”
4. “Europa: população e território”
5. “Europa: economia e meio ambiente”
6. “O continente asiático”
7. “Oriente Médio, Ásia Setentrional e Central”
8. “Extremo oriente, Ásia meridional e Sudeste asiático”

O 9º 2 ano fez uma prova sobre conflitos no Oriente Médio. À medida que terminavam a prova deveriam continuar em sala de aula mas podiam usar o celular para ouvir música e internet, porém não podiam conversar entre si até todos terem terminado de fazer a prova. As atividades quase sempre são passadas por uma avaliação da coordenação.

Em um momento parei para refletir quando o professor iniciou um “sermão” para os alunos conversar com os alunos, agradeceu pelo ano, pela participação, pela amizade de todos, e alertou para as próximas etapas de suas vidas na escola que eles iriam trilhar no ano que vem. Pediu que eles estudassem, que valorizassem a oportunidade de estar e estudar em uma escola particular, o que muitos jovens não tem oportunidade, pois além de estudar ainda tem que trabalhar, que percebessem o esforço que os pais fazem para pagar a mensalidade e que evitassem entrar em “recuperação” ou “tomar bomba. Desejou sucesso e bons votos a todos. Percebi então o porquê dos alunos se importarem tanto com as notas e aprovação, a pressão dos pais e da escola é grande para que eles se saiam bem, que passem no ENEM, cursem uma boa universidade... Eles não estão sendo educados para se importar com a aprendizagem em si, para utilizar o conteúdo das disciplinas de forma direta em suas vidas (em algum momento irão usar alguma coisa, tenho certeza!) estão sendo treinados para passar em testes, provas... E por meio delas conseguir alcançar boas posições sociais, bons empregos, inserção no mercado de trabalho, serem empresários de sucesso, continuar com o negócio da família... e para isso PRECISAM ESTUDAR!!!




Neste sentido, pode-se pensar que a afirmativa de Straforini (2001) a seguir “o objetivo da escola tradicional é a transmissão de conhecimento, ou seja, uma preocupação conteudista. Desta forma, o aluno é visto como um agente passivo, cabendo a ele decorar e memorizar o conjunto de conhecimentos previamente selecionados, significativos da cultura da humanidade, que e transmitido pelo professor em aulas expositivas. 0 mundo e uma externalidade ao aluno, ou seja, não é dado a ele a possibilidade de sua inserção no processo histórico. Assim, o conhecimento é concebido como uma informação que é apreendida unicamente pela memorização.” dialoga com o objetivo imediatista dos alunos em passar de ano apenas para não decepcionar os pais e cumprir com suas obrigações de filhos e não perder possíveis privilégios, como mesada, viagens e passeios, encontro com os amigos etc. e se prejudicarem. O aluno aprende/ decora/memoriza porque é obrigado a cumprir seu papel em passar de ano e em exames e não porque foi instigado e resolver adquirir conhecimento para sua vida.

Se os alunos estão tão preocupados com as notas simplesmente por um motivo mais direto – uma troca de favores – como fazê-los compreender a importância da geografia em suas vidas, nos lugares onde moram, em seus estados e países? Lacoste (1976) expõe em sua obra uma visão da importância prática da Geografia “A geografia, enquanto descrição metodológica dos espaços, tanto sob os aspectos que se convencionou chamar "físicos", como sob suas características econômicas, sociais, demográficas, políticas (para nos referirmos a um certo corte do saber), deve absolutamente ser recolocada, como prática e como poder, no quadro das funções que exerce o aparelho de Estado, para o controle e a organização dos homens que povoam seu território e para a guerra. Muito mais que uma série de estatísticas ou que um conjunto de escritos, a carta é a forma de representação geográfica por excelência; é sobre a carta que devem ser colocadas todas as informações necessárias para a elaboração de táticas e de estratégias”. 

Este vídeo apresenta o livro de Yves Lacoste - "Isto serve, em primeiro lugar para fazer a guerra" contextualizando com os nossos dias atuais e também com outros autores, tomando alguns fatos históricos, principalmente relacionados à estratégias de guerra, como referência para a abordagem.

Yves Lacoste - Isto serve, em primeiro lugar para fazer a guerra. 

Cavalcanti aborda a transição da Geografia Tradicional para a Nova Geografia nos últimos 20 anos e os sentidos das mesmas, defendendo o ensino das escolas da Geografia renovada. A autora afirma que a Geografia Tradicional “...se caracteriza pela estruturação mecânica de fatos, fenômenos, e acontecimentos divididos em aspectos físicos, aspectos humanos e aspectos econômicos de modo a fornecer aos alunos uma descrição de áreas estudadas, seja de um país, de uma região ou de um continente.” Fala que o ensino de Geografia “...não se deve pautar pela descrição e enumeração de dados, priorizando apenas aqueles visíveis e observáveis na sua aprecia (na maioria das vezes impostos à memória dos alunos, sem real interesse por parte deles). Ao contrário, o ensino deve propiciar ao aluno a compreensão do espaço geográfico na sua concretude, nas suas contradições.”


Encontrando o sentido do porquê de se ensinar Geografia, e como toda esta experiência repassada agregada de conteúdo fará diferença na vida de um aluno, Cavalcanti (2006) lembra muito bem que os objetivos de ensino para a Geografia deve focar na espacialidade da prática social, ou seja, o espaço no entorno do ser humano e o ser humano está no espaço gerando assim inter-relações variadas “Entre o homem e o lugar existe uma dialética, um constante movimento: se o espaço contribui para a formação do ser humano, este, por sua vez, com sua intervenção, com seus gestos, com seu trabalho, com suas atividades, transforma constantemente o espaço. Não importa se refere a um indivíduo ou a uma sociedade ou nação. Em qualquer caso, o espaço e suas próprias percepções e concepções sobre ele são construídos na prática social. Portanto, a consciência do espaço, ou a consciência da geografia do mundo, deve ser construída no decurso da formação humana, incluindo aí a formação escolar. Ela deixa claro que precisamos da geografia para compreender esse espaço, se relacionar com ele, modifica-lo, estejamos sozinhos ou em comunidade. 

E neste aspecto ainda ressalta: “... o ensino de Geografia deve visar ao desenvolvimento da capacidade de apreensão da realidade do ponto de vista da sua espacialidade. Isso porque se tem a convicção de que a prática da cidadania, sobretudo nesta virada de século, requer uma consciência espacial. Do simples deslocamento diário de indivíduos até os posicionamentos necessários sobre, por exemplo, as grandes questões globais, as atividades diárias atuais requerem do cidadão a consciência da espacialidade inerente aos fenômenos, fatos e acontecimentos de que participa.” A autora mostra que a Geografia serve para aprendermos a viver melhor em sociedade, nos organizar e ter uma melhor qualidade de vida, e para isso não podemos ignorar o espaço e contexto que estamos inseridos, as suas temporalidades e também as espacialidades. 

Ao final da prova os alunos estavam bastante ansiosos para sair e ir para o intervalo, então o professor os liberou.


Quando retornaram do recreio os alunos já não tinham mais atividades devido à finalização das tarefas do semestre. Em uma turma houve confraternização com muito lanche e refrigerante. Na outra turma os alunos se distraiam jogando jogos como Uno, baralho, mexendo em seus celulares e conversando. Depois disso o semestre letivo foi encerrado.


E refletindo ainda sobre o porquê de se ensinar e aprender Geografia deixo vocês com dois vídeos do programa Lá Para Cá da TV Brasil exibido em agosto de 2011, no qual apresenta a vida do Geógrafo Milton Santos, sua trajetória, seus trabalhos, suas linhas de pensamento e sua suma importância para esta área de conhecimento. Ao final do vídeo obtive algumas respostas sobre a importância da Geografia na minha vida individual, em comunidade e sociedade e sua relação com o espaço que ocupo.

Programa De Lá Para Cá - TV Brasil - A história do geógrafo Milton Santos

Parte 1

Parte 2

"Milton Santos foi um dos intelectuais mais importantes do Brasil e também foi nosso maior geógrafo. Escreveu mais de 40 livros. Publicou seu trabalho na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão, em Portugal e na Espanha. Deu aula nas principais universidades do mundo. Recebeu prêmios e foi o único pensador, fora do mundo anglo-saxão, a ganhar o Vautrim Lud, uma espécie de Nobel da Geografia. Durante toda a sua vida acadêmica, Milton Santos buscou agregar à Geografia as contribuições de outras disciplinas: Economia, Sociologia, História, Filosofia. Nos últimos anos de vida, seu trabalho mostrava uma clara preocupação com a Globalização. Crítico dos processos econômicos que excluíam as nações mais pobres, Milton Santos acreditava num mundo mais humano, mais solidário e justo.


Participam deste programa a professora da UFBA Maria Auxiliadora da Silva, o cineasta Silvio Tendler e o professor Pedro Cunca Bocayuva. Apresentação de Ancelmo Gois e Vera Barroso." 

Assistam ainda este divertido vídeo do animador e ilustrador Steve Cutts que traz uma visão apocalíptica do comportamento e relação do ser humano com o nosso planeta Terra. É uma versão que mostra um indivíduo capitalista e consumista, infantilmente egoísta e ingenuamente despreocupado com o futuro da humanidade e do planeta. Uma boa paródia da relação do ser humano com o espaço em que vive.

Man - Steve Cutts

Metodologia: Um pouco mais do "Ver, ouvir, registrar".


Agora que já conseguimos quebrar a barreira de nos sentir somente alunos e demos inicio ao estágio como espectadores, avançamos um pouco nesse olhar estrangeiro, agora vamos interagir um pouco mais com os alunos, professores, coordenadores.

“O estagiário deverá, por meio de um olhar atento, aberto e reflexivo, buscar elementos que o permitam se aproximar, conhecer e pensar sobre a geografia escolar, com vistas no aprofundamento e problematização do aparato teórico estudado ao longo da disciplina APPG2 na universidade; na construção e reflexão acerca de aspectos da identidade docente e do trabalho docente com a geografia escolar, e na construção de um portfólio, instrumento de relato das atividades do estágio e de elucidação e socialização dos processos formativos do estudante”.

Manteremos a observação sistemática das aulas de um(a) docente de Geografia, atuando preferencialmente no segundo segmento do Ensino Fundamental (do sexto ao nono ano) ou no Ensino Médio da escola. Nos atentamos para as dinâmicas de alunos, professores e demais sujeitos presentes/relacionados à/na escola, dentro e fora do espaço escolar; seu cotidiano, suas experiências, contentamentos e descontentamentos dentro do espaço escolar.

Podemos realizar pequenas tarefas pedagógicas e/ou administrativas que a direção da escola considerar pertinentes ao nível 2 de estágio, de modo a propiciar aos estudantes oportunidades diversas para a aquisição de um conhecimento mais íntimo do funcionamento e desenvolvimento das aulas de Geografia.

Devemos ter conversas informais e formais com o docente em questão, com os alunos, coordenadores e outros.
Após o período de observação e registro, é chegada a hora de transcrever e associar com o conteúdo as nossas experiências na escola. Poderíamos produzir um portfolio, eu segui a linha que comecei e dei prosseguimento no blog, aliando as observações, os textos da disciplina e minhas reflexões sobre a licenciatura, a geografia,a escola, os alunos, professores, a vida e tudo  mais. 
 

PRÁTICA PEDAGÓGICA II - Minha experiência no Colégio Nossa Senhora das Dores


Neste semestre tive um novo ambiente para observar os alunos, os professores e todo o contexto do dia a dia de uma escola. Consegui realizar o estágio obrigatório no Colégio Nossa Senhora das Dores, entretanto, a greve que ocorreu na UFMG atrasou todos os alunos para darem início em seus estágio obrigatórios. Quando cheguei ao CNSD no dia 12/11/2015 os alunos já estavam na reta final do ano, muitos entregando caderno para os professores darem vistos e realizando as últimas provas. Tentei estágio em várias escolas (públicas e privadas) e as respostas foram: “Já estamos com muitos estagiários” e “O ano letivo já está se encerrando e não podemos aceitar mais estagiários”.

A coordenadora foi bastante exigente com relação aos horários, para cumprir as 40 horas tive que acompanhar dois professores de Geografia do ensino fundamental em diferentes anos, 6º ao 9º. Por um lado foi bem bacana porque pude conhecer várias turmas e perfis diferentes de alunos. Infelizmente não permitiram que eu tirasse fotos da escola e por isso não poderei publicar imagens no blog.

A escola é coordenada por uma congregação católica, por isso tem uma Irmã na direção, as freiras moram em um andar construído acima da escola que é bastante ampla e completa: Possui quadras, refeitório, biblioteca, cantina, papelaria, teatro, laboratórios de informática, ciências/química/física e até uma capela. Há muitas referências do catolicismo na escola como imagens de santos e uma bíblia antiga. Atende do berçário ao ensino médio.

Abaixo segue um breve histórico da escola:


“O Colégio Nossa Senhora das Dores é uma instituição conceituada da Congregação de São João Batista. Há 65 anos, semeia valores e conhecimentos, na comunidade educacional, formando crianças, jovens e adultos para uma atuação plena na sociedade. Trabalha com a solidez e a brandura de uma instituição experiente na Educação Infantil, no Ensino Fundamental, no Ensino Médio na preparação para o vestibular e na EJA (Educação de Jovens e Adultos). Na prática educacional são implementadas metodologias eficientes para uma educação de qualidade e referência. Ao reelaborar o seu PPPP (Projeto Pastoral Político Pedagógico), o Colégio Nossa Senhora das Dores intensifica suas ações para a melhoria da qualidade educacional. Assim, passo a passo, traz novas possibilidades e reforça-se no melhor que já existe e projeta-se no futuro promissor.”

Fachada do Colégio Nossa Senhora das Dores


Percorri a escola conhecendo todos os ambientes e vi uma parte da aula de Educação Física que estava trabalhando com a temática “Consciência Negra”. As aula eram divididas em dois grupos, meninos e meninas. Vi somente a aula das meninas que estavam aprendendo danças de origem africana, estavam bem animadas e bem participativas.

O ambiente é bem diferente da EJA no Centro Pedagógico da UFMG, lá era calminho e meio vazio, o CNSD era mais “animado”, tinha mais vida. Em sala de aula também era completamente diferente, algo que até me assustou um pouco foi a preocupação dos alunos com relação à nota e outra coisa que me deixou impressionada: a cooperação entre alunos e professores usando as notas como moeda de troca. Se os alunos falassem alto demais, fizessem brincadeiras fora de hora, ou qualquer outro comportamento não permitido os professores sempre falavam em não dar ou tirar pontos de algumas atividades.


Neste aspecto, Brandão (1981) pontua bem sobre o que é educação: A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam e aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar — às vezes a ocultar, às vezes a inculcar — de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.”

Os alunos são cobrados pelos pais e professores pois devem  passar cada vez em mais testes, no futuro serão adultos, precisam ser "alguém na vida", se inserir no mercado de trabalho, terem bons empregos, serem bons profissionais, acumularem riqueza. Paulo Freire (1987) discorre sobre a concepção bancária da educação como instrumento de opressão, compara os educandos à vasilhas, recipientes a serem preenchidos, à depósitos realizados pelo educador por meio da memorização mecânica do conteúdo narrado. Quanto mais dócil o aluno e a ser enchido e maior o conteúdo a ser depositado pelo educador, melhor será o cenário.


O autor relaciona a educação com a questão opressor oprimido;  "E porque os homens, nesta visão, ao receberem o mundo que neles entra, já são seres passivos, cabe à educação apassivá-los mais ainda e adaptá-los ao mundo. Quanto mais adaptados, para a concepção bancária tanto mais educados, porque adequados ao mundo. Essa é uma concepção que, implicando numa prática, somente pode interessar aos opressores que estarão tão mais em paz, quanto mais adequados estejam os homens ao mundo. E tão mais preocupados, quanto mais questionando o mundo estejam os homens. Quanto mais se adaptam as grandes maiorias às finalidades que lhes sejam prescritas pelas minorias dominadoras, de tal modo que careçam aquelas do direito de ter finalidades próprias, mais poderão estas minorias prescrever."


Abaixo deixo vocês refletirem sobre um mundo (parte dele) padronizado, de números e ordenado.



Children


No ambiente da EJA os alunos não eram tão cobrados quanto as crianças do CNSD, não penso que é uma especificidade da própria escola e sim uma grande diferença entre metodologias de ensino para públicos diferentes. Os adultos voltaram a estudar e realmente tem vontade de aprender ou necessidade para conseguirem postos de trabalhos mais altos que os atuais, são responsáveis por si mesmos. Já as crianças e adolescentes têm que cumprir seu papel, seu “ofício de aluno” como diria Perrenoud, precisam cumprir regras impostas pelos professores e pelos pais. Não que os adultos não precisem cumprir regras, porém a linguagem entre os professores e alunos adultos é a mesma, já entre os professores adultos e alunos crianças/jovens é diferente, estes querem por vezes gritar, cantar, correr, desenhar, pintar, brincar, ouvir música... e isto não cabe em sala de aula, o que é imposto pela hierarquia (coordenadores, professores) no atual sistema de educação que temos nas escolas. Os alunos devem prestar atenção em uma palestra, fazer exercícios dos livros, por vezes usar alguma metodologia diferenciada, como uma música teatro etc. mas o que é exceção para os adultos é regra para as crianças e jovens, pode-se pensar que suas mentes são mais criativas e seus comportamentos tem mais alegria, mais cor, mais som que o de um adulto e por isso exigem metodologias que trazem estes elementos.

Pode parecer uma supervalorização das crianças e jovens, em detrimento dos adultos, mas de fato acredito nisso, as crianças exigem um maior “pensar criativo” dos professores o que exige também mais energia empenhada nos planos de aula, e ferramentas pedagógicas. Desta forma acho que o ensino fará sentido em suas vidas.

Fico a pensar em como seriam aulas ministradas por crianças/jovens para crianças/jovens!!! Não teria toda a experiência a passar para seus alunos porém a linguagem/comportamento seriam os mesmos.

Vídeo "A grande viagem ao espaço"


Esta imposição para as crianças/jovens se adaptarem ao mundo dos adultos é realidade, pois um dia serão adultos, é uma questão de poder e de sobrevivência, o mundo é assim porque se passa mais tempo na vida sendo adulto que criança... Podemos pensar e divagar, caso fôssemos maior parte da vida crianças e jovens e terminássemos a vida assim, teríamos que aprender esta linguagem e não a de um adulto. É só uma questão de trocar as posições e papéis. Para esta reflexão indico um filme excelente, o qual aborda com delicadeza e poesia as diferentes fases da vida: 

Trailer - "O curioso caso de Benjamin Button" (2008)

No recreio dos alunos eu ia para a sala dos professores e dava início a algumas conversas informais. Os alunos tem aula de religião e me falaram que o professor ensina a disciplina mais em uma perspectiva histórica e de valorização da diversidade, aprendem sobre o surgimento, características, públicos, disseminação pelo mundo, espacialização, conflitos... E claro não aprendem somente sobre catolicismo, mas também é abordado o protestantismo, religiões de matrizes africanas, judaísmo, islamismo, etc.

Confesso que pensei que seria mais uma aula de religião doutrinária dada a minha experiência como aluna no ensino fundamental do Colégio Batista, onde tínhamos uma “Assembleia” obrigatória em um salão, que era mais uma aula de músicas evangélicas, e também as aulas em sala que abordavam temas diversos da bíblia.

Perguntei ao professor de religião se a escola recebia em sua maioria alunos católicos e ele respondeu que sim, mas que haviam muitos alunos espíritas.

Apenas por curiosidade e atentando à temática "religião" deixo um vídeo muito interessante do canal #Whymaps sobre os conflitos históricos na região do Oriente Médio explicada em mapas.


#WhySyria A crise da Síria bem contada em 10 minutos e 15 mapas




Pois bem, acompanhei as aulas de dois professores de Geografia, o  professor Flávio se formou na UFMG, leciona aulas para o 6º ano no CNSD e trabalha em outra escola. O professor Bento se formou na PUC e ministra aulas há mais de quinze anos, trabalha atualmente somente no CNSD e leciona para o 7º, 8º e 9º anos.