O autor inicia o
livro abordando a importância de se abordar os temas espaço, tempo escolar, e
alfabetização ou processos de comunicação tecnologização da palavra. As questões
espaço, tempo e linguagem, ou seja nossas vivencias e representações das mesmas
constituem aspectos chave para compreendermos tanto em nível individual quanto
interpessoal o social. O autor fala
sobre uma lacuna historiográfica sobre o tema espaço escolar.
O espaço-
escola é um mediador cultural em relação a gênese e a formação dos primeiros
esquemas cognitivos e motores, ou seja, um elemento significativo do currículo,
uma fonte de experiência e aprendizagem. Os espaços educativos como lugares que
abrigam a liturgia acadêmica estão dotados de significados e transmite uma importante
quantidade de estímulos conteúdos e valores do chamado currículo oculto, ao
mesmo tempo em que impõe suas leis como organizações disciplinares.
A
espacialização disciplinar é parte integrante da arquitetura escolar e se
observa na separação das salas de aulas, na disposição das carteiras, coisas
que facilitam a rotina das tarefas e a economia de tempo. As escolas são então
"continentes de poder". Deve-se atentar paras significações do
espaço-escola e também para sua localização, sua disposição na trama urbana dos
povoados e cidades, isso é um elemento curricular.
O autor cita o
modelo de E. Faure (1972) de cidade-educativa a partir da definição de Plutarco
que afirmava que o melhor instrutor é a cidade e não a escola, este modelo me
faz lembrar dos projetos "Cidades educadoras e Bairros-escola desenvolvido
pela Associação Cidade Escola Aprendiz:
Porém,
contrapõe dizendo que a cidade moderna abandonou seu desenvolvimento real,
deslocando escolas para as periferias marginais, longe dos núcleos de maior
poder e influência sob o ilusório pretexto da visão higienista ecológica ou
naturalista neorromântica, ou seja, que a infância deveria se educar próximo da
natureza e longe da vida urbana.
A localização
da escola é por si mesma uma variável decisiva no programa cultural e pedagógico
comportado pelo espaço e pela arquitetura escolar, que é elemento cultural e pedagógico
não só pelos condicionamento que suas estruturas induzem mas também pela
simbolização que desempenha na vida social.
O edifício
escola serviu de estrutura material para suporte de símbolos como o escudo pátrio,
bandeira nacional, imagens e mensagens de homens ilustres. Os muros serviram
para exibir imagens e inscrições de personalidades considerados exemplares. Símbolos
religiosos e políticos também estão presentes nesta arquitetura escolar. E até
mesmo, mais recentemente ideias ecológicas são veiculadas na arquitetura
escolar. Outro símbolo presente em prédios é o relógio que pode ser entendido
como um organizador da vida da comunidade e também da vida da infância.
Significa a cronometria apreendida durante a infância e na comunidade, se
constitui assim num símbolo cultural e mecanismo de controle social da duração.
A arquitetura
escolar pode ser vista como um programa educador, ou seja, um elemento do currículo
invisível ou silencioso, ainda que explicito ou manifesto. A localização da
escola e suas relações com a ordem urbana das populações, o traçado
arquitetônico do edifício, seus elementos simbólicos próprios ou incorporados e
a decoração exterior e interior respondem a padrões culturais e pedagógicos que
a criança internaliza e aprende.
Além disso, o
espaço escoar está presente nas atividades de matemática, geografia, biologia e
outras disciplinas do currículo em épocas distintas.
O autor demonstra,
portanto que a arquitetura escolar é também, por si mesma, um programa, uma
espécie de discurso que institui na sua material idade um sistema de valores,
como os de ordem, disciplina e vigilância, marcos para uma aprendizagem sensorial
e motora e toda uma semiologia que cobre diferentes símbolos estéticos, culturais
e também ideológicos.
Dessa forma, o
autor ressalta como toda linguagem arquitetônica expressa, além de uma ordem
construtiva, um sistema de intenções, valores, um jogo de simbolismos que os
autores relacionam a uma tradição cultural. O edifício-escola serve de
estrutura material para colocar o escudo pátrio, os símbolos de religião,
imagens e pensamentos de homens ilustres, normas morais e higiênicas e o relógio.
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